quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou

Foi então que ela percebeu que ele não o amava mais. Ele a havia deixado "sozinha", numa tarde de segunda, calada, olhando para o chão e pensando em... nada. Era só o que ela conseguia pensar. Não podia sentir amor por ele, ele acabara de descartá-la de sua vida. Também não podia odiá-lo, só um amor completamente louco se transformaria em ódio. Para completar sua angústia, ela também não podia, simplesmente, desprezá-lo. Como desprezar alguém que, por mais de um ano, fora seu único refúgio? Então, ela sentiu o vazio. Olhava para o chão veementemente, mas os dois sabiam que, na verdade, ela olhava para dentro de si. Olhava procurando alguma coisa, alguma coisa perdida em algum lugar dentro dela. E como se nada mais pudesse ser feito, ele saiu. Simplesmente virou de costas e saiu. Mas no meio do caminho de volta, num ato de piedade, ou qualquer coisa parecida, ele se virou para trás e soltou um "Fica bem" praticamente inaudível. Ela nem ao menos balançou a cabeça. Continuou parada. E ele, desta vez, foi mesmo embora. Parecia que agora, sem ele por perto, ela conseguia encaixar as coisas. Pensou no quanto ele fora bom pra ela, em quando ele a acolhia quando ela corria dos amigos que falavam demais. Pensou que, talvez, nada daquilo tivesse sido real. E, por um breve momento, o vazio foi preenchido pela felicidade. Num estalo ela percebeu que, por mais que nada daquilo tenha sido real, ela havia sido feliz. E ela descobriu que o sentimento mais desejado do mundo é também o mais idiota, porque não depende de nada, só da imaginação. O sol saiu de trás de uma nuvem e acertou em cheio o seu rosto e ela sorriu enviesado. Todo o vazio, todo o amor perdido, toda a realidade destroçada... tudo isso havia lhe mostrado uma coisa. Percebeu, então, o que uma criança sabe desde sempre: só é preciso querer ser feliz para ser feliz. Fez questão de olhar para a frente, onde há dez minutos atrás ele estava, lhe dizendo todas aquelas coisas sem o menor sentido. Abriu um sorriso do tamanho do mundo e caminhou na direção oposta. E, sem querer, sentiu saudades do último ano, quando toda a realidade era uma mentira, mas havia, pelo menos, um tantinho de felicidade.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Qualquer coisa que não fixe

No fim das contas, eu sei que vou estar sozinha, em um canto qualquer, lendo um livro qualquer, vivendo uma vida qualquer, prestes a me tornar uma pessoa qualquer. A única vantagem é que, em momentos assim, qualquer coisa pode me salvar.



P.S.: Descobri que amo acentos. Acho que foi por isso que odiei a reforma ortográfica.